No Bryant Park, filmes 'a noite. Birds, do Hitchcock, e no ultimo andar do Hotel com o mesmo nome (o do parque), um sortudo qualquer espreita a multidao, no seu quarto de seis janelas e paredes de tijolo escuro rematadas com bolas douradas, um delirio Art Deco. Em baixo, o actor destila estilo com os seus fatos justos e as gravatas fininhas, e a actriz conduz um barco a motor de saltos altos. O filme e' demais.
24 de junho de 2006
festival de Verao
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23 de junho de 2006
fast track
é o nome que aqui se dá a um "método" de construir: os trolhas começam a obra, e entretanto faz-se o projecto. Chamado para acudir a um fogo desses, tenho que trabalhar que nem um cavalo para preparar folhas que, de qualquer maneira, estão sempre desactualizadas, e esperar que nada de muito irreversível aconteça em obra antes de acabarmos o desenho. O desafio é brutal, até porque já foram despedidos dois à conta dele. Ao mesmo tempo é muito estimulante, porque obriga a sintetizar TUDO, e a tomar decisões muito rapidamente. Tomar decisões é fundamental; o fast-track não é para ter paninhos quentes nem inseguranças, mas para levar tudo à frente (e eu gosto disso, ando farto de enconanços).
Em baixo, uma foto do meu bairro medieval.
posto pelo Alexandre às 01:50 0 comentários
22 de junho de 2006
15 de junho de 2006
14 de junho de 2006
13 de junho de 2006
O sovaco da América
Algumas cidades são chamadas de sovaco. New Jersey é uma delas, e ali fica Newark, a little Portugal cá da terra.
Lá fomos ver a bola, no domingo, dia da nação. A minha camisola ainda cheira a sardinha assada, a música pimba ainda ressoa nos meus ouvidos. Aquilo é Portugal, sim, mas versão América: a música mais alta, dos dois lados da rua, altifalantes a gritar promoções de sangrias e margaritas, os jovens zés vestidos de calças largas e boné dos ianques virado para trás, os bófias gigantescos e o mais deconcertante, uma jovem de t-shirt da seleção e mamas enormemente siliconadas, estilo híbrido Marés Vivas / cabeleireira do shopping. Mas as raízes da portugalidade lá estão, de qualquer maneira: bigodes por todo o lado, bebés com as faldras malcheirosas no meio da rua, o povo todo enfiado no restaurante Sal e Mar (palavras para quê?) a ver o jogo, sem deixar espaço para mais ninguém, o empregado que dizia "sai da frente que está a chover" para passar, as Nossas Senhoras a abençoar os lares nas paredes das casas (em azulejo, sobre a madeira) e toda a gente a comer febra, frango de churrasco e sardinha assada no parque de estacionamento (que era grande, claro).
As sardinhas estavam boas, e os pastéis de nata no fim também; o jogo não foi grande coisa, o infelizmente típico desperdiçar de golos e poupar os coitadinhos dos jogadores. Se voltar, vai ser exclusivamente para comer, e é aproveitar que já são tantos brasileiros quanto portugas e daqui a nada vai tudo para longe e acaba.
posto pelo Alexandre às 03:03 1 comentários
10 de junho de 2006
episódios da História de NY
[no diner, ao almoço, em frente à sopa, batatas fritas e sande de atum com queijo derretido]
- Tenho que dizer que Nova Iorque há uns anos atrás era insuportável, com o problema dos sem-abrigo. Eram tantos, tantos, que era meeeesmo decadente. Depois veio o Giuliani e zááás, limpou tudo [faz um gesto de varrer com o braço].
- [curioso] Sim, tinha um ideia, até nos falaram disso na Faculdade; mas como é que ele fez mesmo?
- Bem, pô-los para fora em autocarros com bilhetes de ida!!! Tás a ver, deportou-os todos e as outras comunidades que se aguentassem.
- Comunidades?!?! Sempre pensei que os tinham largado no meio do mato!
- DUH! Mas aí também mora gente!!!! Bem, eu não sou naaaada apologista de pegar nas pessoas e descarregá-las noutro sítio, mas [suspiro de alívio] isto estava mesmo mau, mau, mau. Era mesmo nojento [gargalhada].
posto pelo Alexandre às 01:54 0 comentários
e os imigrantes
Porque é que, de todos os países, não os querem aqui? Nesta terra, somos todos imigrantes (como por princípio em todas as outras, mas aqui nota-se mais). Corro o risco de não ter visto para o próximo ano. Porque já há suficientes empregos para os de fora, e alguns imbecis dizem: US JOBS FOR US CITIZENS. Ora estes atrasados mentais ainda não perceberam que se o país deles chegou onde chegou foi porque acolheu gente de todo o mundo, e deu-lhes a liberdade de começar, como uma folha em branco. Os tempos da folha em branco já vão longe, mas este país e esta cidade ainda são dos sítios mais dinâmicos do Mundo, e para onde toda a gente vai à procura de uma vida melhor, e onde o conservadorismo da Europa social-hipócrita-decadente é um fantasma remoto. Pronto, por aqui conservadores não faltam. Mas a vida de todos os dias, ainda que seja tudo feito industrialmente e sem grande gosto, sabe a aventura, a coisa nova, a fresco, e falam-se várias línguas, o empregado mexicano da Deli tem a cara toda furada e cabelo comprido, o homem das limpezas parece saído de um filme do Spike Lee (shiiiiiit!), as festas têm mamas à mostra como dizia abaixo alguém e o pôr-do-Sol entra-me pelo quarto adentro.
A vida em Portugal é muito mais confortável, mas podia ter um bocado disto que não lhe fazia mal nenhum. A não ser que continuem a fechar as fronteiras: nesse caso, vão para a puta que os pariu.
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9 de junho de 2006
5 de junho de 2006
joie de vivre
e' coisa que nao ha' muito em NY. Toda a gente e' razoavelmente infeliz, e por isso e' que tanta coisa acontece - anda tudo febrilmente 'a procura de melhorar a propria vida. Na Europa que conheço, onde o sol brilha, as pessoas sao bonitas e as cidades antigas, nao e' preciso grandes esforços para estar bem, por isso funciona tudo mal e ninguem se preocupa muito em mudar. E por isso e' que imigramos, para ver se nao morremos enterrados no lodo, e assim temos que nos aguentar 'a jarda nesta terra suja, de gajas feias e sem comida de jeito.
Pronto, as gajas ate' sao boas e os hamburguers tambem, mas nao me consigo imaginar a viver aqui ate' ao fim dos meus dias. Detesto almoçar em frente ao computador, como faz toda a gente por aqui.
feeling grumpy...
posto pelo Alexandre às 20:12 6 comentários
3 de junho de 2006
finalmente
regresso de uma longa abstinencia, provocada em grande parte por um director de projecto que não me larga a breguilha (em sentido figurado! que por aqui a percentagem de homens é fifty-fifty para um lado e para o outro). Últimas novidades:
• o jantar de bloggers acabou por ser mais uma reunião de cientistas e arquitectos. Foi uma agradável surpresa, porque estava à espera dos típicos zés portugas com as camisas aos quadrados tipo secção de atoalhados (como diz a mana), mas o pessoal que está por aqui é fixe e até queria ir ao rififi para uns copos! Pena que uma certa menina que está em Londres não tenha trazido ID. Ai, ai, ai....
• lá ganhei um bónus pelo meu excelente desempenho, e graças aos meus adoráveis patrões vou mesmo ficar mais uns anos por estas terras.
• o meu irmão foi-se embora e chorou-se baba e ranho, com corações partidos de meninas e meninos. Eu por mim já o vejo daqui a um mês, quando o Santa Bárbara for escrito outra vez do Porto (mas só por dez dias, durante as acções de formação da Ordem, a que faltarei se puder).
• O Motherfucker foi grande festança, mas pelo que dizem as vozes mais experientes melhor no ano passado. E além disso, foram um bocado nojentos com o dress code, o que levou alguns dos retardatários a ficar na rua, e o clube não encheu completamente. Queixinhas à parte, para mim esta é a festa de NY, com transsexuais, paneleirões e putéfias aos saltos por todo o lado, e ainda passaram Miss Kitten e Scissor Sisters e Guns n Roses, além de que veio a CASA em peso! aqui as fotos.
posto pelo Alexandre às 21:04 3 comentários